quinta-feira, 29 de março de 2007

Saudades de uma pessoa que ainda não chegou...


Numa noite de luar... onde a vida parece flutuar como se de uma sonho se tratasse... O som de um violino ecoa pelo mundo, num som melancólico perpetuando a saudade pelo que ficou e pelo que vem aí!
Uma vez soa como um como um murmúrio de uma vida vivida com emoção de uma onda que que beija a terra pela primeira vez. Com tal volência, paixão, intensidade e êxtase...para depois se desmoronar tonta e cansada e se fundir na rocha dura que a acolhe com indiferença dissimulada...mas que no fundo também se parte e se torna parte desta aventura de amantes loucos, perdidos e entrelaçados no destino da revelação do Cosmos. Uma espiral eterna onde o Amor começa, desabrocha e definha.
O som primodial penetra em nós e nós tornamo-nos no Som.
Já não somos nós.
Somos o sentimento e a emoção do Outro.
Comungamos em uno com o Universo.
Não nos queiramos esquecer daquilo que fomos, somos e que seremos um dia...
Somos pessoas diferentes numa só.
O nosso caminho é longo e feito de tudo o que não imaginamos... de retalhos de memórias vividas com Amor, Dor...Luz e Sombra...Gargalhadas sentidas e lágrimas derramadas.
Amo-te.
Amo-te com um amor carregado de paixão. Amo-te como um amigo. Amo-te como um irmão. Amo-te de todas as maneiras possiveis e imaginárias...
Enquanto te Amo... Espero reconhecer-te na rua... num bar... num olhar... num sonho perdido...numa recordação antiga de outras vidas que passámos juntos, como amigos, irmãos, amantes... Fazes parte da minha vida e eu da tua.
Enquanto te Amo e Vivo...vou ficar à tua espera.
Pois eu sou tua e tu és meu.
Amo-te...

sexta-feira, 16 de março de 2007

Olhar

Tudo na vida tem um propósito.
Quem somos, para onde vamos, com quem estamos e nos relacionamos. A verdade anda aí nos meandros da nossa vida.
Podemos ignorar os sinais que a Vida nos manda, podemos ignorar que fazemos parte do Cosmos, podemos não aceitar as suas dificuldades, podemos estar zangados com o mundo. Mas, uma coisa que não pode ser esquecida é a responsabilidade da nossa evolução como seres humanos.
O que nos faz seguir pela direcção certa? Porque nos metemos em problemas que muitas vezes parecem impossíveis de resolver?
Um olhar sincero no espelho basta para nos desnudar.
Nós sabemos quem somos, para onde vamos ou o porquê dos nossos relacionamentos.
Está tudo dentro de Nós, a Sabedoria que precisamos para sobreviver, Viver e Aprender.
O complicado está em aceder a essa informação, pois está intimamente ligada ao nível de aceitação do nosso Ser e à nossa ligação com o Universo.
Para evoluir temos de deixar cair as nossas máscaras, temos de provar a nós próprios do que somos capazes e a força da nossa existência. Ao falar de força, não estou a falar de destruir o outro para nosso beneficio, estou sim a pronunciar a superação de nós próprios e seguir os nossos sonhos e aspirações.
Nunca tenha medo de Olhar para si de uma maneira diferente!

quarta-feira, 14 de março de 2007

Momentos

Existem momentos mágicos em que perdemos a noção do eu...como ouvir uma boa música no meio da noite enquanto estamos num carro a ir para uma parte incerta, onde o tempo não tem lugar... apenas o sentimento que se prolonga em união com as notas e a nossa alma se eleva a lugar nunca antes explorado fundindo-se na escuridão e nas luzes brilhantes que se arrastam...
Os momentos de sabedoria que nos acompanham nestes instantes são como vislumbres da eternidade, o passado, o presente e o futuro tudo condensado num segundo.
São como passeios à chuva quando as gotas enchem e levam junto com a torrente todos os desgostos e purificam todo o nosso ser.
Fazem-nos ver o mundo com outros olhos, com outra sensibilidade que nos abre à energia do Amor e nos faz Amar a vida loucamente...
Namasté! ("O meu deus interior saúda o teu deus interior")

domingo, 11 de março de 2007

O que é que aconteceu ao simples sentimento de Inocência, Amor, Aceitação?
Sinto uma nuvem de esquecimento e um silêncio surdo... uma descaracterização da nossa essência como Seres Humanos... Porquê continuar nesta farsa, nesta procura de uma Utopia inantigível de sermos perfeitos, de ter de vencer para conseguir existir.
Tanta violência... e para quê?!
Quanta vontade de conquistar, se nós já pertencemos a este planeta desde que nascemos... Fazemos parte dele, somos terra, ar, água e fogo! Existe espaço e recursos para todos, porquê querermos tudo para nós? A ganância não tem lógica.
Vejo noticias de assassinatos sem causa aparente, de violência fortuita e vejo sinais de descontentamento profundo, um cultivo absurdo da ignorância e de almas que perderam o sentido da Vida!
Como podemos deixar as gerações futuras pensar que a beleza é apenas exterior? Que tudo o que vale na Vida é o dinheiro e a satisfação material e imediata? Como podemos deixar os nossos filhos serem criados pela televisão, enquanto têm um mundo lá fora para brincar e explorar...
Deviamos ensinar que somos feitos de uma beleza infinita, e temos um conhecimento e sabedoria esquecida dentro de nós! E que todos os Seres Vivos, incluindo nós próprios, merecem ser tratados com respeito e humildade tal como o nosso Planeta!
Deixemos a Luz invadir o nosso Ser e entrar nesta grande aventura que é a Vida!
Um Bem Haja!

sexta-feira, 2 de março de 2007

APETECE-ME

"Apetece-me abrir-te as pernas e lamber-te. Fazer isso durante muito tempo até ouvir a tua voz a perder-se e depois entrar por ti adentro mantendo o ritmo e a distância para te poder ver numa perspectiva de observador imparcial. Inquietar-te com perguntas violentas fazer-te repetir desejos e segredos, abusar de ti sem remorso nem perdão. Quero que venhas uma e depois outra vez mais lentamente. Que acabes por chorar baixinho e me peças tudo de novo outra vez.
Esquece-te de mim. Não sou eu. És tu que me vens livrar de mim. Eu por mim repetia já este intervalo elementar fora das garras do tempos.
Começo por aqui. Hei-de ir não sei para onde. Agora do mundo só me interessa esse quente, sombrio e húmido minúsculo pedaço do teu corpo e encher-te de prazer com a minha boca. Não há nada como como isto para me livrar de mim. Tu que dizes? Calemo-nos.
- O meu sexo é enorme. O teu pequenino. Belo contraste neste fim de tarde em que tudo sabe a mar profundo e a esquecimento.
- O meu sexo é pequeno. O teu enorme. Engole-me por completo, peço-te, e que não fique nada destas horas em que nos demos.
Vem e desfaz-me, querida. Não quero saber de nada. Morde-me a orelha como um furacão. Agarra-te com a tua boca por cima do coração. Encontra o ponto subtil em que que me fazes vir a ti. Faz-me esquecer de mim, que o meu sexo és tu que o tens em ti."

Pedro Paixão,in "Vida de Adulto"


quinta-feira, 1 de março de 2007


Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.
in Sonetos Românticos





"Foi em Creta No Azul fêmea do Egeu
as naves embalavas oh sopro de Anaíta!
Tua pele esticada era o tambor da noite
cada homem era o dom de ouvir a tua cítara.
Comovidas pulseiras tangias nos teus braços
piedosas avelãs escorriam dos teus cílios
aravam tua terra mamíferos afagos
cada homem era príncipe no teu campo de lírios.
Teu levantar de saias oh resplendor de púbis!
o joelho agressivo das espadas flectia
e na face dos homens deixavas a penugem
das nuvens aniladas que nas ancas movias.
Eras mansa eras dança e génio de balança
que as estações pesava Fazias sol chovias
cada homem enchia com frutos o seu crânio
e na alma caíam as roupas que despias.
Eras mãe eras virgem eras cabra na cama
o vento que as mulheres menstruadas faziam
eras tanta eras santa e a catedral de açucar
que as pernas das amadas naturalmente abriam.
Foi em Creta que as têmporas da Europa
premeditou no húmus do seu ventre dançante.
Cada homem era a cauda torrencial do filho
bebida pela boca dourada do amante."
Natália Correia, in Mátria





Eu venho do sonho e fujo da vida.
Errei no caminho para a a paz prometida.
Só sei que me chama um canto do mar.
E a nau dos sonhos no céu a varar.
Ó meu capitão da barca perdida
A errar entre o sonho e o engano da vida!
Natália Correia, in Antologia Poética