quinta-feira, 1 de março de 2007


"Foi em Creta No Azul fêmea do Egeu
as naves embalavas oh sopro de Anaíta!
Tua pele esticada era o tambor da noite
cada homem era o dom de ouvir a tua cítara.
Comovidas pulseiras tangias nos teus braços
piedosas avelãs escorriam dos teus cílios
aravam tua terra mamíferos afagos
cada homem era príncipe no teu campo de lírios.
Teu levantar de saias oh resplendor de púbis!
o joelho agressivo das espadas flectia
e na face dos homens deixavas a penugem
das nuvens aniladas que nas ancas movias.
Eras mansa eras dança e génio de balança
que as estações pesava Fazias sol chovias
cada homem enchia com frutos o seu crânio
e na alma caíam as roupas que despias.
Eras mãe eras virgem eras cabra na cama
o vento que as mulheres menstruadas faziam
eras tanta eras santa e a catedral de açucar
que as pernas das amadas naturalmente abriam.
Foi em Creta que as têmporas da Europa
premeditou no húmus do seu ventre dançante.
Cada homem era a cauda torrencial do filho
bebida pela boca dourada do amante."
Natália Correia, in Mátria





1 comentário:

Anónimo disse...

belo poema de uma grande poetisa e grande mulher.